AIDS e HIV são dois termos que todo mundo já ouviu falar, mas nem todos sabem que eles não são a mesma coisa. Mesmo com um pé em 2019, não podemos esquecer que acabamos de sair do “Dezembro Vermelho”. Pensando nisso, o Hospital São Marcos vai explicar tudo o que você precisa saber sobre esse vírus e essa doença que causam pesadelos em muitas pessoas.
HIV é a sigla para Vírus da Imunodeficiência Humana e, ao contrário de outros vírus, o corpo humano não consegue se livrar dele. Ao ser contaminada, a pessoa passa a ser chamada de HIV positivo ou soropositivo e pode contaminar outras através do contato com seu sangue ou fluidos corporais, ainda que não apresente nenhum sintoma específico.
Não há cura para a infecção pelo vírus HIV, mas há remédios que podem reduzir drasticamente a progressão da doença. O tratamento é denominado comumente de terapia antirretroviral – conhecido também pela sigla TARV – e é fundamental para melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV, além de diminuir as chances de transmissão a outras pessoas.
A AIDS – Síndrome de Imunodeficiência Adquirida – é uma doença grave que acontece quando a pessoa infectada com o HIV tem seu sistema imunológico danificado pelo vírus, fazendo com que suas células de defesa não consigam lutar contra invasores, deixando o corpo suscetível a doenças como a tuberculose disseminada, pneumonia, infecções recorrentes ocasionadas por fungos (na pele, boca e garganta), neurotoxoplasmose, entre outras – que podem eventualmente levar o indivíduo a óbito.
É quando dizemos que tal pessoa faleceu por causas relacionadas à AIDS. Importante: ninguém morre “de AIDS”, mas por doenças oportunistas causadas pela falha no sistema imunológico.
Como se dá a transmissão do HIV
O HIV é transmitido principalmente por relações sexuais desprotegidas, isto é, sem o uso do preservativo, e compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas com sangue, o que é frequente entre usuários de drogas ilícitas. Outras vias de transmissão são por transfusão de sangue (porém é muito raro, uma vez que a testagem do banco de sangue é muito eficiente) e da mãe para o filho na gestação, amamentação e principalmente no momento do parto, o que pode ser prevenido com o tratamento adequado da gestante e do recém-nascido.
Os sintomas
Logo ao ser contaminado com o vírus HIV o corpo pode reagir. Esta fase, conhecida como primária ou aguda, pode durar por algumas semanas e é bastante perigosa, pois a infecção pode passar sem ser notada, pois os sintomas são bastante parecidos com os de um resfriado. Contudo, nesse período, a carga viral (quantidade de vírus no sangue) é bastante alta, fazendo com que o HIV se espalhe mais facilmente. Normalmente estes sintomas não duram mais de 1 semana e depois desaparecem completamente. O vírus passa a se replicar dentro do corpo humano de forma silenciosa, durante 8 a 10 anos, sem gerar nenhum sintoma, sendo esta fase denominada assintomática.
Já os sintomas da AIDS surgem quando o sistema de defesa do corpo encontra-se muito comprometido, o que favorece o surgimento de doenças. Nessa fase, o indivíduo pode sofrer com enjoos e vômitos, diarreia, suor noturno, candidíase oral e vaginal, emagrecimento sem causa aparente, entre outros.
Testagem e tratamento
A única forma de confirmar que a pessoa está infectada com o vírus HIV é fazendo um exame de sangue específico chamado anti-HIV 1 e anti-HIV 2. O melhor momento para fazer o teste é entre 40 e 60 dias após o comportamento de risco, isso porque caso o teste seja feito antes desses 40 dias, seu resultado pode ser falso negativo.
Esse exame de sangue está disponível em todas as clínicas, hospitais e laboratórios, e podem ser realizados gratuitamente pelo SUS, nos centros de testagem espalhados pelo país. Vale ressaltar que estar ciente da sua condição sorológica é também uma forma de prevenção.
A Terapia Antirretroviral, que também é fornecida por meio do SUS, consiste no uso de um coquetel de medicamentos indicados pelo médico e que devem ser tomados todos os dias, com o objetivo de fortalecer o sistema imunológico e evitar a replicação do vírus.
O tratamento requer exames periódicos, como hemograma completo, avaliação do fígado e rins, testes para sífilis, hepatite B e C, toxoplasmose, citomegalovírus, raio-x de tórax, PPD anualmente, papanicolau, perfil imunológico e carga viral.
O importante é que uma vez iniciado o tratamento, o paciente deve estar ciente de que ele não deve ser interrompido sem motivo e que as medicações devem ser tomadas todos os dias e nos intervalos prescritos. Quando utilizado de maneira irregular, o tratamento pode falhar por surgimento de vírus resistentes.