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A campanha “Janeiro Branco” e a conscientização acerca da importância da saúde mental e emocional na vida das pessoas


O ano acabou de começar e com ele inicia-se a campanha “Janeiro Branco”, que visa alertar para os cuidados com a saúde mental e emocional da população, a partir da prevenção de sintomas e transtornos como estresse, ansiedade e depressão. 
O movimento, que teve início em 2014 pelo psicólogo e, atualmente, presidente do Instituto Janeiro Branco (IJB), Leonardo Abraão, tomou proporções nacionais e internacionais, contando com o apoio de instituições públicas e privadas. 

A importância dos cuidados com a saúde mental tem sido cada vez mais reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ganhando mais lugar nos espaços de discussão sobre políticas públicas de saúde. Para a psicóloga e também vice-presidente do IJB, Valéria Ribeiro, ‘falar de saúde mental é falar de todas as outras coisas, pois estar com a saúde mental organizada, ter condições emocionais e subjetivas para funcionar no mundo é fundamental.” Valéria Ribeiro ressalta ainda que “uma das mais valiosas riquezas da campanha Janeiro Branco é colocar em circulação e debate conteúdos e informações sobre saúde mental, orientando indivíduos e instituições sociais em todos os lugares e espaços nos quais a campanha chega fazendo diferença nas vidas das pessoas”. Além disso, a campanha visa, como consequência desse debate, à implementação de políticas públicas dedicadas à cultura dos cuidados com a saúde mental e à adoção de práticas institucionais voltadas à qualidade de vida.

Como reconhecimento de que o bem-estar emocional interfere em todas as áreas da vida, foi aprovada, no dia 25 de abril de 2023, a Lei nº 14.556, que institui oficialmente a campanha “Janeiro Branco” em todo o território nacional. Antes disso, centenas de municípios e praticamente todos os estados brasileiros já haviam promulgado leis institucionalizando a campanha em seus respectivos territórios. “Este ano é a primeira campanha já com a lei em vigor. O fato de o movimento virar leis municipais, estaduais e lei federal só prova a necessidade, a legitimidade e a potência de uma iniciativa totalmente dedicada à construção de uma cultura da saúde mental na humanidade, um presente do Brasil para o mundo, agora, inclusive, reconhecido e multiplicado pelos estados brasileiros”, destaca o psicólogo Leonardo Abraão.

Os transtornos mentais apresentam prevalência elevada e exercem impacto negativo na qualidade de vida, segundo a OMS. O Brasil apresenta o terceiro pior índice de saúde mental do mundo, segundo o último relatório anual de Estado Mental do Mundo da OMS, que inclui 64 países. Acredita-se que cerca de 25% da população brasileira convive com algum tipo de transtorno mental. A OMS e a campanha “Janeiro Branco” alertam para a identificação e o surgimento dos seguintes sintomas:

  1. Mudanças de humor extremas: oscilações frequentes entre extremos de humor, como tristeza intensa, irritabilidade ou euforia excessiva;
  2. Isolamento social: retraimento social, evitando interações sociais ou retirando-se de atividades que costumavam ser apreciadas;
  3. Alterações no sono: insônia, hipersonia (dormir em excesso) ou padrões de sono irregular;
  4. Mudanças no peso ou hábitos alimentares: perda ou ganho significativo de peso sem uma razão aparente, ou mudanças marcantes nos hábitos alimentares;
  5. Fadiga constante: sentir-se constantemente cansado, sem motivação ou energia;
  6. Dificuldades de concentração: problemas para se concentrar, tomar decisões ou realizar tarefas cotidianas;
  7. Autoestima baixa: sentimentos persistentes de inadequação, baixa autoestima ou autocrítica intensa;
  8. Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio: pensamentos persistentes sobre a morte, morrer ou ideação suicida;
  9. Mudanças no desempenho no trabalho ou na escola: dificuldades significativas no desempenho acadêmico ou profissional;
  10. Aumento no consumo de substâncias: uso excessivo de álcool, drogas ou outros comportamentos de evasão;
  11. Irritabilidade: sentimentos frequentes de irritação, raiva ou hostilidade desproporcional às situações;
  12. Sintomas físicos sem causa aparente: dores crônicas, dores de cabeça ou outros sintomas físicos persistentes sem explicação médica;
  13. Dificuldades nos relacionamentos: problemas recorrentes nos relacionamentos interpessoais, seja em casa, no trabalho ou socialmente;
  14. Preocupação excessiva: preocupações constantes, ansiedade generalizada ou ataques de pânico;
  15. Comportamentos autodestrutivos: participação em comportamentos de risco, autolesão ou abuso de substâncias.

Embora a identificação dos sinais e sintomas de estresse, depressão e ansiedade, bem como a busca por orientação e auxílio nem sempre sejam simples, é essencial tentar perceber os sintomas e procurar ajuda profissional. É importante lembrar que os sinais podem variar, e que a presença de alguns desses sintomas não significa, necessariamente, um transtorno mental específico. Caso alguma pessoa se identifique, ou identifique alguém que conhece, com algum desses sintomas, é aconselhável procurar a orientação de um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou psiquiatra.

 

Prof. Dr. Gerardo Maria de Araújo Filho
CRM/SP: 105.714; RQE: 50368 (Psiquiatria) e 50368-1 (Psicogeriatria)
Médico Psiquiatra e Psicogeriatra, membro titular da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP)
Residência Médica em Psiquiatria e Psicogeriatria pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Mestre e Doutor em Neurociências pela UNIFESP, Pós-Doutor em Psiquiatria pela UNIFESP
Coordenador do Programa de Formação em Psiquiatria do Hospital São Marcos – Jaboticabal/SP

Referências:
Site do Ministério da Saúde: www.gov.br/saude.
Site da Secretaria de Saúde do Governo do Estado do Espírito Santo: https://saude.es.gov.br/